terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Festa de 5 anos da Escolinha da Resistência













































No dia 19 de dezembro a Escolinha realizou sua festa de encerramento do ano e também a comemoração do seu aniversário de 5 anos. A festa estava muito animada e contou com a a participação de mais de 90 pessoas entre adultos, jovens e crianças. A festa começou com a projeção de mais de 400 fotos das nossas atividades nos últimos 5 anos, onde pudemos rever o quanto fizemos, para quantos lugares fomos, quantas crianças passaram por aqui, por quantas lutas passamos para seguirmos em frente. Depois foi a vez das apresentações musicais (veja os vídeos abaixo), teatro, roda de capoeira e muitos comes e bebes. A festa também contou com a distribuição de presentes de Natal e sorteio de cesta de Natal e panetones.
Agradecemos a participação de todos e todas e especialmente a militância do MNCR que colaborou na organização da os festa; a Tina e as demais catadoras da Santa Tecla que conseguiram as garrafas para a nossa árvore de Natal; a artesã tia Sônia que nos ajudou a montar a árvore; o prof .Érico que preparou as alunas Camila, Ester e Flávia da oficina de música e colocou o som, mais os seus companheiros Carlinhos e Angelo que ajudaram a compor a banda; o rapper Sharop que ajudou a ensaiar os alunos Lucas e Daniel pra apresentação de rap; a prof. Drica que preparou a esquete teatral junto com os alunos Lucas e Marissol; a prof. Kelly que junto com a aluna Betiele da oficina de comunicação popular tiraram as fotos e fizeram os vídeos; o prof. Coyote e o grupo Liberdade e Expressão que coordenaram a roda de capoeira; a equipe da cozinha coordenada pela Dona Maria, seus familiares e amigos que trouxeram todos os comes e bebes; a equipe de apoio da Escolinha, Jerusa e Franciele que ajudaram na organização, e todas as crianças e adultos, pais, mães e educadores que ajudaram a construir essa história, tanta gente que fica difícil nomear a cada um.
"Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, conseguem mudanças extraordinárias" (refrão de origem africana)
Feliz 2011 para todos nós!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Alunos da Escolinha ganham 1º lugar em Festival de Música




Os alunos Lucas e Daniel, que participam da Oficina de Rap, ganharam o primeiro lugar no Festival de Música da Escola Municipal Vila Neópolis, realizado no dia 8 de dezembro.


A dupla interpretou o rap Ação Direta, do Ministro, cujo refrão foi gravado em 2005 por crianças da Escolinha.


A dupla também irá apresentar a música na nossa festa de final de ano.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Basta de violência contra a mulher!




















































Dia 27 de novembro, as catadoras do MNCR de Cachoeirinha e Gravataí realizaram um ato em homenagem à catadora Tatiana, assassinada pelo ex-marido em julho de 2008. O dia foi escolhido também pra lembrar a passagem do dia 25 de novembro que é o dia pelo fim da violência contra a mulher. Participaram do ato mulheres da Resistência Popular e do MST.





As adolescentes da Escolinha participaram do ato e tiraram as fotos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Alguns textos dos feitos pelos adolescentes da oficina de comunicação popular

Violência
Não é só a mulher que sofre, o homem também sofre, violência doméstica. Mas as mulheres sofrem mais com esses atos do que os homens. Existem muitas músicas boas e outras nem tanto, as pessoas não reparam nas letras, e saem por aí repetindo o que ouvem, acabam falando muitas besteiras. As letras falam de violência e putaria e isso só ajuda a influenciar os jovens a fazer coisas que não devem, como usar drogas, roubar e outras coisas.

Educanda: Lisiane

Poema sem título

Não vou te fazer chorar.
Eu quero te visualizar.
Na sua cabeça eu vou estar.
Garota, eu quero ser seu auxiliar.
Garota, contigo eu quero casar.
Aquela bola eu vou chutar.
Sem você eu não vou resistir.
Todo meio-dia espero você chegar.
Garota, não vou deixar ele te usar.
Por você, tudo eu posso exemplificar.

Educando: Lucas

Fábula: O homenzinho

Um dia eu vi a chapeuzinho vermelho ser espancada pelo lobo mau eu parei para ajudar ela, dei uma "tunda" no lobo mau.
Ele ficou com medo de mim e fugiu. Outro dia eu salvei a branca de neve dos 7 anões, eu tive que utilizar meus super poderes, mas como eles também tinham super poderes foi uma briga muito feia e eu quase matei eles.
Eu dei uma "biaba" na guria que está ao meu lado e quase fui preso, isto é agressão contra meninas. Fim da minha história de conto de fadas.

Educando: Felipe


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Confira o rap "Tempo passa"

No dia 17 de outubro alunos da Oficina de Comunicação Popular foram novamente visitar a rádio comunitária A Voz do Morro em Porto Alegre. Lá o pessoal deu um apoio para o aluno Lucas gravar o rap de sua autoria chamado "Tempo Passa". Confira o clip abaixo:

domingo, 17 de outubro de 2010

Escolinha participa do Encontro dos Sem Terrinha





Nos dias 11, 12 e 13 de outubro os sem-terrinha (filhos dos trabalhadores rurais do MST) se reuniram em um grande encontro em Eldorado do Sul. Já é a quarta vez que as crianças da Escolinha da Resistência participam do Encontro dos Sem Terrinha, que é uma oportunidade de aprendizagem e troca de experiências entre crianças do campo e da cidade. Também estiveram presentes outras crianças urbanas, como as da Resistência Popular da Restinga e as do Quilombo dos Silva.

A participação das crianças do MNCR se deu apenas no dia 11, onde elas puderam participar da oficina de muralismo e de rádio. Também fizeram a apresentação de uma mística sobre os catadores e cantaram a música "Terra e raiz", do MST, que elas aprenderam na oficina de música.

No dia 13 os sem terrinha fizeram uma marcha em protesto ao fechamento das escolas itinerantes dos acampamentos realizado pelo governo Yeda.

Nosso agradecimento aos educadores e às crianças do MST e nossa solidariedade às suas lutas.

"Bandeira, bandeira, bandeira vermelhinha
o futuro da nação está na mão dos sem-terrinha!"
Fechar escolas é crime!












domingo, 19 de setembro de 2010

Textos feitos pelos alunos da oficina de comunicação popular com o tema: política

O Lula sancionou uma lei que obriga os pais a não encostar nos filhos, vou explicar especificamente, você não pode encostar, beliscar, dar uns tapas ou uma represália aos seus filhos. Eu acho uma lei não oportuna atrapalha a boa educação que seus filhos devem ter claro que não pode espancar seus filhos, assim vira um baita crime. Muitos pais não aprovam isso, é muito inoportuno, os governantes vão entrar na sua privacidade. Eu entendo às vezes a situação vem acaso, quando uma criança sofre uma violência explícita, que pode denegrir essa criança ou esse adolescente com medo de se defender. Eu sou contra, tenho 16 anos, por que como a criança tem que aprender as coisas, se errar deve ser corrigido. É uma lei muito estranha que não vai pegar diretamente aqui no Brasil.

Educando: Lucas

Política é um rumo que não se endireita nunca. Todos roubam igual, um pior que o outro. Odeio tempo de política. Eles mentem para as pessoas e muitas acreditam. Mas políticos são iguais esse ex-prefeito, roubou o dinheiro que era pra fazer as casas e sair daqui dessa vila. Não era pra nós estarmos aqui, mas como o processo é lento, seguimos aqui, eu acho que esse filme de terror nunca vai acabar.

Educanda: Betiele

Hoje em dia a corrupção no Brasil e no mundo está aumentando cada vez mais. Em Gravataí a prefeitura está com o projeto ALPHAVILLE, que está tirando os moradores da Vila Pontilhão. As pessoas que moram lá estão sendo humilhadas pela prefeita e as crianças sofrem por bulling. A prefeitura de Gravataí está querendo tirar o povo da vila, mas já faz dois anos que eles prometem casas melhores, mas por enquanto nada, o povo sofre quando o barro caí por cima das casas e a situação esta cada vez pior. As pessoas estão com muita ganância (PREFEITOS E POLÍTICOS). O pessoal da vila está pedindo, por favor, que a prefeitura cumpra o que prometeu, e ajude o povo Vila Pontilhão. S.O.S Pontilhão!

Educando: Daniel

Política é uma coisa muito ruim porque o prefeito, que estava com o dinheiro das casas onde a gente ia morar, pegou o dinheiro e se mandou e nós agora estamos sem as casas e ele está bem feliz. Uma hora ele vai ter que aparecer. Só que não é só ele que ROUBA o dinheiro das outras pessoas. O antigo prefeito também fez isso com as pessoas. Os POLÍTICOS são muito ruins por que eles falam que vão ajudar só que não ajudam porcaria nenhuma, eles só pegam o dinheiro nosso para ir viajar ou fazer outras coisas que não devem. Eu queria saber por que existe POLÍTICO. Para eles roubarem o nosso dinheiro? Vão à merda seus LADRÕES!

Educanda: Lisiane

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Adolescentes participam do curso para catadores

Dia 1º de agosto os adolescentes da oficina de comunicação popular foram participar e fazer entrevistas no curso para catadores promovido pelo MNCR. Nessa turma participaram moradores da Vila Pontilhão, entre outras comunidades. Alguns comentários sobre o curso:


Já vi vagabundo fumar e dizer que o dinheiro vai acabar, já vi meu pai sorrir e catar, já vi neguinho catando louco pra roubar. Tudo que já vi tomou um rumo diferente nos últimos anos.


Dia 1 de agosto vi que estamos evoluindo para algo melhor no país. O catador está organizado, tem carteira assinada e seus direitos garantidos. Um catador consciente é melhor para o país.


Lucas




Os catadores são agredidos nas ruas, isto é errado pois só estão trabalhando, não estão roubando. Os catadores só estão ajudando o planeta.


Lisiane




As empresas lucram demais através do trabalho do catador que não é recompensado de maneira justa, sendo o trabalho dele muito importante.


Betiele




Os catadores trabalham para sustentar os seus filhos. Os filhos de catadores são muitas vezes agredidos pelos colegas na escola, pois estes não gostam de catador por que têm uma imagem distorcida desta profissão.


Daniel



sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crianças fazem excursão ao galpão de reciclagem da Santa Tecla











No dia 30 de julho um grupo de crianças da Escolinha realizou uma excursão educativa ao Galpão de Triagem localizado na Santa Tecla, em Gravataí. A atividade faz parte do Projeto Pedagógico sobre a Coleta Solidária que está sendo desenvolvido pelas oficinas.




A excursão foi realizada com os seguintes objetivos:




- Levar os educandos ao Galpão de Reciclagem/ COOTRACAR para encontro prático e estudo do meio;




- Conscientizar os educandos sobre a importância do trabalho dos catadores e catadoras;




- Discutirmos nossas possibilidades de colaborações pessoais (3 R's, Separação do lixo e fucnionamento da Coleta Seletiva);




-Possibilitar o fortalecimento do processo de formação das "identidades sociais" destas crianças, considerando-as em sua maioria, filhas e filhos de catadores,




- Desenvolver com os educandos atitudes responsáveis e comprometidas;




- Contribuir com os educadores na execução do projeto multidisciplinar sobre coleta solidária;




- Observarmos e estudarmos os tipos de materiais recicláveis. Confeccionar um catálogo a partir da:




1) Coleta dos diversos materiais - As crianças divididas em duplas ou trios coletaram um tipo de material determinado por sorteio; depois dirigiram-se às mesas e conversaram com a equipe de triagem pedindo-lhes uma amostra do material reciclável.




2) Análise dos dados - Que ocorreu posteriormente nas aulas.




3) Elaboração de um catálogo - Conforme resultados obtidos, usaremos este material como proposta a auxiliar os catadores, especialmente os de rua, na triagem dos materiais recicláveis.

sábado, 7 de agosto de 2010

Escolinha volta às aulas após recesso de inverno


Nesta sexta dia 6 de agosto retornaram as aulas da escolinha, com algumas mudanças. Nossa programação está assim:

QUARTA

9h - Oficina de artesanato com material reciclável

14h - Oficina de costura (para mulheres)

18h - Reforço Escolar

SEXTA

9h - Oficina de música

14h - Oficina de costura

17h - Oficina de música

SÁBADO

9h - Reforço Escolar

10h30 - Oficina de Comunicação popular

13h30 - Oficina de Teatro

Oficina de Costura


No dia 23 de julho começou uma Oficina de Costura, para mulheres da Vila Pontilhão. Além de aprender a confeccionar os uniformes dos catadores, elas aprenderão reforma de roupas. É uma possibilidade de geração de renda pra mulheres que são donas de casa e estão desempregadas.

Aluno da escolinha escreve rap


O Lucas participa da Escolinha desde o inicio, em 2005. Ele agora esta escrevendo rap e possui dois blogs onde publica seus textos: um e o blackfight.blogspot.com e outro e o poesiaepaixao.blogspot.com . A letra a seguir ele escreveu pra esquete que a turma do teatro esta construindo, sobre os catadores:


vou trabalhar

so observo a dor,daquele trabalhador.que trabalha no inverno no verao,no frio e no calor
quando o povo comeca a sonhar,sempre tem algum governante que faz terminar
que terminou,pra gente recomecar,o que comecou,pra gente acabar
quando o povo vai ate a prefeitura,sempre ha uma pa de viatura
o prefeito ou aquele vereador,pode acabar com o sonho daquele trabalhador
as vezes posso estar certo,posso esta errado,quando o povo sozinho vai lutar pode ate ser derrotado
o prefeito pode pensar que o povo e fraco,quando a gente chegar la eles quem vai sair derrotado
(REFRAO)
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir
(VERSO II)
esse povo esta na rua e pra lutar,nao queremos brigar,so queremos trabalhar,
quando tenho a chance de sonhar,a governanca esta ai pra nos acordar
sou um do povo sonhador,dormimos pela noite,pra acordar trabalhador
sou trabalhador,honesto e com valor,eu vou lutar,eu vou lutar ate o fim do meu vapor
falo com irmao guinho,junto com irmao juninho.se pra lutar nunca luta sozinho
quando um sonho vira um pesadelo,ninguem quer acordar
quando um sonho e bom tem sempre um monte pra terminar
(REFRAO)
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir
(VERSOIII)
isso nao e sonho e um pesadelo,pobre lutador com pinta de modelo
quando um sonho se torna um pesadelo,ninguem quer acordar
mas quando o sonho e bom tem sempre um monte pra acabar
o pesadelo nao acabava,o sono apenas comecava,mas ninguem esperava
eu chegava,falava,mas ninguem ouvia,eu tentava explicar mas ninguem me entendia
eles mandam o povo se esconder isso aquilo nao vai acontecer.
(REFRAO)
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir
vou trabalhar,nao vou desistir
eu vou lutar,vou ter que insistir

BLACK'MC essa e a musica

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Textos feitos pelos adolescentes da oficina de comunicação popular com o tema: educação


Os adolescentes foram conhecer a rádio comunitária A Voz do Morro, em Porto Alegre, e a seguir estão os textos que produziram para ler no programa da rádio.


"Se todos tivessem educação, esse mundo seria um mundo ótimo. Começando dos mais velhos até os menores que ainda não sabem que existi a palavra educação, e dizem que são as outras pessoas quem não tem educação, eu me revolto com isso.
Eu odiava meus ex-vizinhos, o pai das crianças era um homem muito ruim porque ele batia na ex-mulher e nos filhos e até hoje as crianças se revoltam com a vida que levavam e sofrem, e até batem nos outros.
Resumindo, a mulher cansou de apanhar do marido e ver os filhos sofrendo, foi morar em Porto Alegre com sua irmã e abandonou a família. Os menores foram para o Conselho Tutelar e mulher do Conselho (Bete) disse que eles iriam para a adoção. A avó ficou com pena e pegou as crianças para criá-las e está cuidando até hoje. "

Educanda:Betiele

"Educação é uma coisa que eu gosto muito, só que quase não tenho. Educação são palavras como obrigado, com licença, por favor, bom dia, boa tarde e boa noite. Por causa da educação é que existem pessoas educadas e outras não, nesta vila ninguém é educado, são todos mal-educados como o nosso colega Filipe que não costuma fazer nada nas aulas e ainda nos atrapalha.
A educação é algo que vem desde pequeno, mas muitos não a conhecem e nem sabem o que ela é. "

Educanda:Lisiane

"A educação é uma coisa que vem desde pequeno, mas muitos esquecem dela, pois acontecem brigas, discussões, tráfico e às vezes até morte. Tem muitas escolas onde já aconteceram morte de professores(as) e até alunos. Teve uma discussão que ia acabar em morte, mas os policiais chegaram bem na hora.
-Eu já briguei no colégio e quase fui pra diretoria, porque eu deitei uma guria no chão e começei a dar socos na cara dela. -disse a minha colega.
Acontecem muitos fatos que às vezes traumatizam as pessoas.
Essa é a verdadeira educação?
Não é nada, essa é a verdadeira violência! "

Educanda:Marisol

"Hoje eu vou falar um pouco sobre a minha vila. Toda semana tem uma briga sempre com a mesma família e o pior é que quando eles brigam voam tijolos de barro e até a cerca.
Todas as brigas são bem organizadas, cada semana acontece uma, nunca duas na mesma semana.
O ano todo eles brigam sem sentido, é raro quando reina a paz e tudo acaba bem, quando acontece isso as pessoas e as crianças vivem felizes e tudo volta ao normal. "

Educando:William

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Punhos erguidos

E há
quem diga que a força do povo
anda distraída
que o caminho
pra gente ser livre
não tem mais saída
mas quem vê verá (4x)
o povo bem sabe
quem é que domina
quem tira do pobre
pra subir na vida
governo e patrão
só tem uma missão
a de nos dominar

Mas com os punhos erguidos
seguimos lutando
e o pão sobre a mesa
vamos conquistando
de lombo suado
e o tempo marcado
com a luta popular
e há quem diga
que a luta de classes
anda escondida
que fazer acordo
com os ricos
é a nova saída
mas quem vê verá (4x)

Hino da Resistência

a história são os pobres que a fazem
a vitória está na mão de quem peleia
nossa gente está cansada de sofrer
vamos juntos decidir o que fazer
se o governo e os patrões só nos oprimem
acumulando riqueza e poder
ação direta é a arma que nós temos
pra fazer justiça pra viver
povo na rua pra resistir e pra lutar
povo que avança para o poder popular

LER...

ler é o melhor remédio.
leia o jornal
leia o outdoor
leia letreiros da estação do trem
leia os preços no supermercado
leia alguém.

leia a interação
que ocorre ou não
entre a física, a geografia,
informática,
trabalho, miséria e chateação.

leia o poema de seu colega
o pedido de grana emprestada
a sua reprovação...
leia a carta de amor
o recado do filho
o plano econômico do ano.

leia livrinhos de santos
leia oraçãoes para as almas
leia a carteira de identidade
leia receita de tortas
leia os muros pichados
leia o papel da embalagem
leia o discurso político
leia a branca de neve
leia o guia telefônico
o cartaz no ônibus
a conta de luz
o filme pornô.

ler é a maior comédia.
leia as etiquetas jeans
leia histórias em quadrinhos
leia a continha do bar
leia a bula do remédio
leia a capa do jornal velho
perdida no chão

leia as impossibilidades.
leia ainda mais as esperanças.
leia a vida... leia os olhos,
leia as mãos, os lábios
e os desejos das pessoas...

leia o que lhe der na telha,
mas leia
e as ideias virão.

Autor: Paulo Roberto Soares, aluno de Educação de Adultos na escola Anita Garibaldi, em Viamão(1998)

ALGUNS DE NOSSOS OBJETIVOS NA EDUCAÇÃO POPULAR

- ensinar as crianças a estudar: às vezes, achamos que elas sozinhas vão aprender a estudar, a fazer resumos, a ler mapas, a entender textos ou figuras, etc. As crianças da nossa classe precisam de ajuda para aprender a fazer estas coisas, que não pertencem ao seu mundo e ao mundo dos seus pais.

- ensinar as crianças o trabalho coletivo: trabalhar junto com outras pessoas é sempre difícil. É importante ensiná-los como fazer isso, que é preciso ouvir um ao outro, respeitar as dificuldades, respeitar opiniões diferentes, dividir tarefas para que ninguém fique de fora, ser prestativo, colocar a mão na massa, tomar iniciativa, etc.

- ensinar as crianças a planejar suas ações: ensiná-las a fazer uma reunião para se organizar, com pauta e inscrições, relato, prazos, etc. Elas são muito capazes de fazer uma boa reunião.

- ensinar as crianças que elas também são lutadoras do povo: fazer com que as crianças participem das manifestações, nem que seja ajudando a confeccionar faixas e cartazes; levá-las à assembléias e reuniões para que falem e/ou apresentem algum teatro ou trabalho que fizeram nas aulinhas do Comitê; cantar as músicas e gritos de guerra nas aulinhas; fazer com que os temas de aula tenham a ver com o que o Comitê está discutindo no momento.

- ensinar as crianças a avaliar, o que já estimula a criticidade: sempre depois de uma ação feita em aula ou fora dela, ensinar as crianças a avaliarem o que fizeram. Veja o exemplo de uma avaliação feita por uma turminha de crianças com uma média de 8-10 anos:

"Demos uma festa para as mães e teve coisas boas e coisas que não foram tão bem."
Coisas boas:
- a festa foi linda;
- quase toda a criançada se comportou bem;
- as mães gostaram dos presentes que demos;
- as mães se divertiram e ficaram contentes com a festa;
- quase todas as crianças sabiam seus papéis no teatro, mas alguns se esqueceram um pouquinho.

Coisas que não foram bem:
- foram muitas crianças mas não foram as mães;
- algumas crianças avançaram na comida;
- algumas crianças foram as primeiras a se servir, quando tínhamos combinado que devíamos ser os últimos;
- algumas mães e crianças foram embora logo depois de servirmos a comida.

Após isto feito, pode-se apontar uma lista de ações para que estes problemas não se repitam na próxima festinha, e guardar em uma pasta para não perder.

Escola

A escola não nos ensina a falar uma língua estrangeira nem nossa própria língua, não ensina a cantar ou a servir-nos de nossas mãos e nossos pés; não ensina qual é a alimentação sádia: como conseguir orientar-se no labirinto das instituições; de que modo cuidar de um bebê ou de uma pessoa doente, etc. Se as pessoas não cantam mais, mas compram milhões de discos em que profissionais cantam por elas; se não sabem mais comer, mas pagam o médico e a indústria farmacêutica para tratar dos efeitos da má alimentação; se não sabem como educar os filhos, mas alugam os serviços de educadores diplomados; se não sabem consertar um radinho ou uma torneira, nem como curar uma gripe sem remédio, ou cultivar uma alface, etc...tudo isso acontece porque a escola tem como objetivo inconfessável fornecer às indústrias, ao comércio, às profissões especializadas e ao Estado, trabalhdores, consumidores, clientes e administrados sob medida.
Imediatamente depois do Maternal, a criança de seis anos é "parafusada" numa cadeira dura para estudar palavrório durante horas e horas.
Será por acaso que a criança em desenvolvimento, essa força da natureza, essa exploradora aventurosa, é mantida imóvel, petrificada, confinada, reduzida à contemplação das paredes, enquanto o sol brilha lá fora, obrigada a prender a bexiga e os intestinos, 6 horas por dia, exceto alguns minutos de recreio, durante 7 anos ou mais?
Haverá maneira melhor de aprender a submissão?
Isso penetra por músculos, sentidos, tripas, nervos e neurônios... Trata-se de uma verdadeira lição de totalitarismo. A posição sentada é reconhecidamente nefasta para a postura e para a circulação, e no entanto eis nosso homem ocidental com problemas de coluna, as veias esclerosadas, os pulmões retraídos, hemorróidas e nádegas achatadas... Faz um século que vemos as crianças arrastando os pés embaixo das carteiras, entortando o corpo e pulando como rãs quando a sineta bate (sem falar nos 20% de escolioses). Esse tipo de manifestação é atribuído à turbulência infantil: nunca à imobilidade insuportável imposta às crianças - a culpa é sempre da própria vítima.
Não, não é um acaso. É um plano. Um plano desconhecido para os que o cumprem. Trata-se de domar. Domesticar fisicamente essa máquina fantástica de desejos e prazeres que é a criança.

domingo, 4 de julho de 2010

Cartilha de formação de educadores-1

RESISTÊNCIA POPULAR

Coordenação de educação popular

Esta cartilha busca ser o ponto de partida para uma boa e proveitosa discussão. Nela estão alguns textos e sugestões de trabalho para aquelas e aqueles que estão na luta diária da Resistência Popular, educando crianças, jovens e adultos para serem lutadores e lutadoras do povo, para serem solidários, criativos, críticos, tenham iniciativa, saibam por em prática seus conhecimentos e ideias e principalmente, tenham muita, mas muita mesmo, disposição para a luta por nossas necessidades e propostas.
Bom debate!

1...IDENTIDADE DE CLASSE
Temos que ter consciência de quem somos. Somos o povo pobre da periferia em luta, exigindo que suas necessidades sejam satisfeitas. Uma de nossas necessidades é a educação de nossas crianças. Nossas crianças são crianças da classe oprimida, que também sofrem com a opressão que sofremos. Temos que lutar por elas, e ensiná-las a ter autonomia para um dia lutarem também. Não queremos ser burgueses, ter milhões na conta do banco, explorar trabalhadores, ter vários carros e mansões. Queremos uma vida digna, mas preservando a nossa identidade de povo. O educador que tem grandes sonhos de consumo e de um dia virar "patrão" não serve para ser educador da Resistência Popular.

2 ... RECONHECER E COMBATER OS VALORES DO CAPITALISMO
Nas atividades e no dia a dia como educadores, temos que fazer de tudo para lutar contra as picuinhas, a competitividade, o egoísmo, o comodismo, a fofoca, a inveja, a preguiça, o alcoolismo e a drogadição, o autoritarismo, o machismo, a violência de povo contra povo, a ignorância, o assistencialismo, o oportunismo. Nada é perfeito, mas se todos os dias lutarmos contra estas verdadeiras pragas, vamos vencê-las. No lugar delas, vamos plantar: a solidariedade, a luta, a fé em uma sociedade livre e justa, responsabilidade, respeito à família, iniciativa, senso crítico, auto-organização, trabalho coletivo, participação direta, identidade de povo e classe e respeito mútuo. Com certeza, vamos colher uma nova comunidade e uma nova sociedade no futuro.

3 ... RESPEITO AOS SABERES DOS EDUCANDOS
A escola não respeita o que nossas crianças sabem, porque ela não entende que as crianças de periferia não tem o conhecimento e o comportamento que algumas professoras e o governo gostariam que tivessem, que é o comportamento e o conhecimento burguês. Nossas crianças não gostam de ficar paradas, mudas, só ouvindo uma pessoa falar, falar, falar, fechadas entre quatro paredes. Nossas crianças gostam de correr, pular, dançar, cantar, são as donas da rua. Gostam de se mexer, de dizer o que pensam, de comer, de fazer sujeira, de fazer bagunça.São curiosas, metem o nariz onde não são chamadas, gritam, se machucam. Tudo isso tem que ser valorizado e canalizado para um trabalho educativo, porque, se for toda hora reprimido, teremos adultos acomodados, frustrados, tristes e talvez até, violentos, alcólatras e drogados. Elas também tem saberes que devem ser respeitados. Sabem milhões de brincadeiras de rua. Sabem várias gírias. Sabem histórias incríveis. Tudo isso tem que ser valorizado e ser matéria de sala de aula, mesmo que a sala de aula seja a rua, o campinho, a sanga, a pracinha...

4...CRITICIDADE
Nossas crianças têm que aprender a criticar o que está errado, o que é injusto. Temos que estimular isto nelas, e não faze-lás calar boca. É possível trazer debates que as crianças possam acompanhar e dar sua opinião, debates que são de toda a comunidade. O acesso à saúde, à universidade, ao emprego, à moradia digna, à uma alimentação saudável, tudo isto as crianças conseguem debater e dar opinião, fazendo teatrinhos, vendo filmes, ouvindo histórias, vendo figuras, entrevistando os pais e vizinhos, enfim, queremos crianças críticas e não apáticas.

5...SABER COLOCAR EM PRÁTICA A TEORIA, E VICE-VERSA
Não nos interessa educar adultos que saibam criticar tudo, mas não metem ombro para fazer nada. Conhecemos bem este tipo.Por isso, é fundamental a cada discussão, a cada crítica construída pela criança construir ações práticas para combater o problema, coisas simples que elas mesmas possam fazer. Por exemplo, se todos com concordam que a saúde na comunidade vai de mal a pior, promova uma campanha de faixas e cartazes das crianças denunciando esta situação. Construa com elas uma hortinha medicinal, ou uma farmacinha.

6...REJEIÇÃO ÀS DIVERSAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
Não queremos educar adultos preconceituosos. Temos que combater dentro de nós mesmos e em nossa comunidade a discriminação religiosa, cultural, étnica, de opção sexual, deficientes mentais e físicos, enfim, das diferenças que há entre nosso povo que não podem nos impedir de nos darmos as mãos e lutarmos juntos pelo mesmo ideal. Conhecer a história dos diversos povos, conhecer a história das religiões e seus costumes, saber respeitar aquele que tem outra opção sexual, tudo isto tem que ser trabalhado em sala de aula.

7... IDENTIDADE CULTURAL
Temos que saber quem somos, de onde viemos. Somos o povo gaúcho, vindo de uma mistura de índios, negros e imigrantes pobres. Temos que ter orgulho de nossa história de lutas e conhecê-la, contar e cantar esta história para as crianças. Sempre comemorar o dia de Sepé Tiaraju, Zumbi dos Palmares, Anita Garibaldi, Che Guevara, etc. Somos guerreiros como foram nossos antepassados, essa é a nossa identidade, isso nos dá dignidade e força para seguir em frente.

8...CONSCIÊNCIA DE QUE NADA É PERFEITO E ESTÁ ACABADO
Nosso método, nosso jeito de ensinar, a gente mesmo, as crianças, as nossas reuniões, nossos companheiros, nada nem ninguém é perfeito e está acabado. Temos sempre o que aperfeiçoar e melhorar. Por isso, não podemos ficar frustrados e tristes porque nosso trabalho não está tão bom como deveria, nem somos tão bons educadores como gostaríamos. Temos apenas que aprender com os erros e estar sempre buscando melhorar mais e mais. Só os erros nos fazem aprender, e as crianças devem aprender isso o mais rápido possível para que ninguém consiga traumatizá-las por causa de um erro que cometeram.

9...HUMILDADE E TOLERÂNCIA
Por mais que tenhamos lido, por mais que tenhamos experiência de vida, por mais que tenhamos conhecimentos, jamais podemos nos considerar melhor do que os outros, mesmo que os outros sejam crianças. Temos sempre que ser humildes, não ficar exibindo e afirmando nossos conhecimentos e nossas experiências com a intenção de mostrar que somos "melhores" porque somos "adultos". Somos diferentes, mas cada um é um poço de vivências e sabedoria, mesmo as crianças. Elas tem também muito a nos ensinar, inclusive a lembrar que um dia também fomos crianças. Por isso, não podemos nos irritar e perder a paciência, gritar e até partir para a violência. Isso a criança a aprender a fazer o mesmo, e se tornarem adultos intolerantes.

10... ENTENDER A REALIDADE, PESQUISAR E SER CURIOSO
Somos educadoras e educadores do povo, e estamos na luta da Resistência Popular. Por isso, temos a obrigação de entender a realidade, entender porque e como somos oprimidos e explorados, quem são nossos inimigos de classe, quais os próximos golpes da burguesia contra a nossa classe. Temos que entender o que se passa em nossos país, os planos de governo, o que é a ALCA, o que é o FMI, quem são os governantes e o que têm feito, o que o Congresso está aprovando que vai contra o povo oprimido, enfim, temos que estar "por dentro", seja lendo jornal, vendo jornais na TV (é importante buscar ver jornais de canais diferentes), ouvindo rádio, conversando com quem conhece estes assuntos, enfim, temos que ser eternos curiosos e grandes pesquisadores. O educador está sempre presente nas formações feitas pela Resistência Popular, está sempre lendo, perguntando, escutando, dialogando, para depois juntar tudo e transformar em aulas de muito debate e ação.

11...ALEGRIA, ESPERANÇA E AFETO
Um bom clima em sala de aula se constrói basicamente com isto. Alegria de estar ali, aprendendo e ensinando, contribuindo para a construção de uma sociedade livre, sem oprimidos, construindo junto com companheiros e companheiras um futuro diferente para as crianças e jovens que estão ali, brincando e aprendendo. Ter esperança e fé em um outro mundo é fundamental, isso contagia qualquer um, soma forças, unifica. E o afeto, em qualquer idade, é essencial: gostar do que está fazendo, gostar das crianças, dos jovens, dos companheiros e companheiras. Ninguém se sente bem em um ambiente onde uma pessoa está insatisfeita, mal humorada, frustrada, que trata a todos com indiferença.

12... CONVICÇÃO DE QUE A MUDANÇA É POSSÍVEL
Se não acreditarmos que as coisas podem mudar, não somos educadores. O fundamento principal da educação é a mudança: para que então ensinar, se não acreditamos que alguém possa aprender? Todos podem aprender, todos podem mudar, só depende da nossa ação e da vontade do coletivo em mudar as coisas, vencer dificuldades, derrotar os inimigos, construir algo novo. A televisão dos burgueses muitas vezes quer nos passar que as coisas são assim mesmo, sempre haverá pobres e ricos, sempre haverá políticos mandando na gente, mas, isso é mentira. Pode ser diferente, a história mostra que o ser humano já viveu em outro tipo de sociedade.

13...COMPROMETIMENTO COM A LUTA POPULAR
A educação ajuda muito, mas não é nada sem a luta popular. Ela é só mais um componente desta luta, não adianta ter várias atividades para as crianças, tirar os jovens das ruas e das drogas, ensinar os adultos a ler e escrever se eles também não se juntarem na luta por melhorias em sua comunidade, por mais trabalho, mais saúde, mais alimentação, mais educação, mais moradia. A educação tem que andar junto com a luta, senão, não vai mudar nada sozinha.

14...LIBERDADE E AUTORIDADE
Já dizia o lutador anarquista M. BAKUNIN que é preciso educar “da liberdade à autoridade”.`Isso quer dizer que as crianças precisam de limites, de regras, aprender o que é certo e o que é errado, precisam da autoridade de um adulto. Elas entendem isso como afeto também, dependendo da forma como é feito. É possível constuir as regras das aulas junto com as crianças, e fazê-las refletir sobre elas constantemente. Sempre que alguém faltar com alguma regra, pode-se para tudo e fazer uma discussão sobre o que aconteceu. Dessa forma, e só dessa forma, se educa para a liberdade, para que sejam adultos seguros de si, que sabem o que querem, e não adultos mimados e fúteis (falta de limites na infância) ou reprimidos, violentos e frustrados(limites demais,punições demais).

15 ... SABER QUE A EDUCAÇÃO É IDEOLÓGICA
A burguesia gosta muito de acusar o MST(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) de fazer uma “educação ideológica’’ nos acampamentos e assentamentos. Só que isso é um absurdo de se dizer, porque qualquer escola, fundação, instituto, qualquer estabelecimento de ensino na face da terra faz "educação ideológica". “Ideologia’’é um conjunto de idéias que servem a algum interesse, que apontam para uma linha, um caminho a se seguir, um objetivo. Ninguém ensina sem objetivo. Ganhar dinheiro com a educação é a ideologia dos cursinhos pré-vestibulares e supletivos. Formar pessoas acomodadas e que trabalhem sem reclamar para um patrão é o objetivo de algumas escolas públicas, mesmo que elas não digam. Formar patrões que saibam enriquecer com a força de trabalho dos outros é o objetivo das escolas particulares. Ajudar a formar lutadores e lutadoras do povo que derrubem o sistema de opressão que nos mata dia a dia é o objetivo da educação da Resistência Popular.
VIVA A RESISTÊNCIA POPULAR!

16...MÉTODO
O método é importante, porque põe em prática o nosso conjunto de ideias. Temos aqui algumas sugestões, baseadas na chamada "Pedagogia de Projetos". Ela associa o TEMA GERADOR, idealizado pelo conceituado educador de esquerda educador de esquerda Paulo freire, com a prática.


PLANEJAMENTO= planejar as aulas é fundamental para que nossos valores e nossos objetivos consigam entrar mesmo na das crianças e jovens. Se não planejamos, acabamos por dar aulas iguaizinhas àquelas da escola tradicional que frequentamos, que achávamos chatas e que não levavam a uma consciência e ação críticas. Apresentamos aqui um modelinho de planejamento que você pode adaptar como quiser.

TEMA GERADOR= é o assunto em cima do qual vamos fazer nosso planejamento. Esse assunto tem que ser de interesse das crianças, algo que envolva, que seja de seu dia a dia, que esteja sendo um problema para sua família e que elas sintam que podem ajudar a resolver. Para descobrir o tema gerador, tente responder as seguintes perguntas:
-Quais os problemas que a nossa comunidade está atravessando agora?
-Como posso transformá-los em atividades que resultem em algo prático que se possa fazer para ajudar a lutar contra este problema?
Com certeza, a primeira pergunta vai gerar uma lista de coisas, como saúde, moradia, alimentação, higiene, transporte, trabalho, educação, drogas, álcool, cigarro, discriminação, falta de união e companheirismo, etc. Selecione um e mãos à obra!

EXEMPLO DE PLANEJAMENTO COM TEMA GERADOR

TEMA GERADOR:MORADIA
TRABALHO COLETIVO:fazer uma exposição para os pais com os trabalhos dos alunos sobre o assunto; construir uma maquete com a “vila que queremos”
PRAZO:aqui você estabelece as datas, para não estender demais o projeto, pois as crianças cansam.
OBJETIVOS:conscientizar as crianças e jovens da importância de se ter uma moradia digna; fazê-los enxergar criticamente onde moram; debater sobre a questão de ter vergonha de dizer onde mora, mostrando que devemos nos orgulhar de morar em uma comunidade que luta e trabalha pelo que quer; atingir os pais com a exposição feita pelos alunos, buscando uma ação dos adultos para a melhoria de suas moradias.

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
#Leitura da historinha dos TRÊS PORQUINHOS
-atividade de teatro, fazendo as crianças dramatizarem a historinha;
-cruzadinhas, caça-palavras, desenhos sobre a historinha;
-construção das casinhas dos porquinhos: uma de palha, outra de madeira outra de tijolos;
-estudar os bichos que aparecem na história: o porco e o lobo, seus hábitos alimentares, etc (ciências)
-trabalhar com os números: quanto custa uma casinha de palha? E de madeira? E de tijolos? Perguntar para os pais que trabalham na construção civil;
-mostrar que existem diversos tipos de moradia: de barro, de madeira, de tijolos, tem gente que mora embaixo de pontes e viadutos, as ocas dos índios, etc;
-fazê-los identificar as cores de sua casa por fora, quem a construiu, quantas portas, quantas janelas, se tem pátio ou não, etc;
-se você fosse melhorar sua casinha, o que você mudaria?Fazê-los desenhar ou fazer com caixinhas, palitinhos, etc;
-ensiná-los a música da “Casa”, de Toquinho e Vinícius, e a da Lagartixa “Fui morar numa casinha-nha, infestada-da de cupim-pim-pim, saiu de lá-lá-lá uma largatixa-xa olhou pra mim, olhou pra mim e fez assim BRRRLLL!

# A VILA IDEAL
-O que poderia ter na nossa vila para ela ser melhor?
-Onde ficariam as casas?
-Teria pracinha? O que teria na pracinha?
-Teria árvores?Onde?
-etc
-Construir uma maquete com os sonhos das crianças.Discutir que é possível realizar, desde que a gente se mantenha unidos e lutando.

# A ORGANIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
-Dividir as tarefas: quem vai explicar para os pais cada atividade, quem vai fazer a abertura, quem vai apresentar o teatrinho, quem vai servir o lanche e o suco, quem vai organizar o espaço para receber os pais, quem vai fazer o convite, quem vai cantar as músicas, quem vai limpar tudo depois, etc.

# A RODA DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
-depois da exposição, fazer uma roda e avaliar como foi, se todos cumpriram suas tarefas, o que deu mais certo, o que aprenderam de novo, o que deu errado e por quê, etc.

AVALIAÇÃO DO TRABALHO
Este espaço é para os educadores avaliarem seu trabalho e se foi satisfatório, se os objetivos foram cumpridos, se a postura de educador correspondeu aos objetivos da Resistência Popular.

segunda-feira, 28 de junho de 2010















No dia 27 de junho de 2010 a Escolinha da Resistência organizou uma Confraternização Junina. Neste dia estava marcado o sorteio dos brindes da “Ação entre amigos” promovida pelos participantes da Oficina de Música para arrecadar fundos para a compra de instrumentos. Em breve vamos publicar aqui o que foi comprado e agradecemos a tod@s que colaboraram, e especialmente a Dona Ivanir (a Baixinha) que arrecadou os prêmios que foram sorteados.


No dia anterior as crianças da turma do Reforço escolar confeccionaram o material que foi usado nas brincadeiras, tudo feito com material reciclável. Foi bonito ver todos se ajudando pra organizar a festa.


As crianças da oficina de música apresentaram as músicas “Meu brinquedo” e “Coleta Seletiva” (adaptada para “Coleta Solidária”), que são músicas do MNCR. Uma das participantes, a Marissol, que já está a mais tempo, tocou no violão a música “Meu brinquedo”, que fala como é ser filho de catador. A turma também apresentou a escala musical.

Depois foi feito o sorteio dos brindes que eram: uma mateira, uma bola de vôlei e outra de futebol, uma cesta básica e uma cesta de doces. A ganhadora do último prêmio, a professora Mariléia, resolveu destinar o prêmio pras crianças da turma da oficina de música.


Enfim foi a vez das brincadeiras,onde as crianças ganharam fichas pra trocar por lanches como quentão, salgado, bolo, pipoca e pinhão.